Condomínio agrário: trata-se de um novo modelo societário – sociedade condominial agrária –, com fundamentação jurídica no Estatuto da Terra, de uso exclusivo da atividade rural, adequado para agrupar pequenos, médios e grandes produtores rurais, quedeixam de produzir de forma individualizada e autônoma e, por meio do condomínio agrário, passam a explorar a atividade rural de forma coletiva-condominial. Com isso,atingem escala de produção economicamente viável, com substancial redução de custos.
No agronegócio brasileiro, normalmente, os produtores exploram a atividade rural de forma individual. Em razão disso, cada vez mais, esses produtores perdem escala de produção, o que eleva seus custos de produção e, consequentemente, perdem competitividade. Paralelo a isso, a cada dia, novas e sofisticadas tecnologiastêm sido disponibilizadas a esses produtores, que possibilitam um ganho de competitividade. No entanto, o seu alto custo de implantação tem dificultado o acesso a essas novas tecnologias, principalmente pelos pequenos e médios produtores rurais, que, por consequência, em determinadas atividades, tendem a ser excluídos do processo produtivo.
Por meio do condomínio agrário, esses produtores rurais somam esforços, capital, conhecimento e passam a ter condições de implantar tecnologia de ponta, produzir em escala, reduzir custos e, consequentemente, se tornarem mais competitivos.
No coração da agricultura sustentável e da justiça social, o conceito de condomínio agrário emerge como uma promissora abordagem para a gestão coletivas de terras. Contrapondo-se ao modelo tradicional de exploração da atividade rural individual, o condomínio agrário preconiza a coletividade como base para o desenvolvimento rural.
Em sua essência, o condomínio agrário é um modelo societário em que agricultores compartilham o acesso e a responsabilidade sobre uma parcela de terra. Este modelo não apenas fomenta a equidade na distribuição de recursos, mas também fortalece o agrupamento de produtores ao unir esforços e conhecimentos.
Ao contrário da visão convencional de competição, o condomínio agrário promove a colaboração,a soma de esforços e capital, incentivando a troca de experiências e práticas agrícolas entre os membros. Essa abordagem colaborativa não só otimiza o uso da terra, mas também contribui para a sustentabilidade ambiental, uma vez que promove técnicas agrícolas mais conscientes.
A diversidade de cultivos em um condomínio agrário não apenas aumenta a resiliência da comunidade frente a adversidades climáticas, mas também impulsiona a economia local ao ampliar a oferta de produtos agrícolas. Além disso, a partilha de infraestruturas, como sistemas de irrigação e maquinários e implementos agrícola, reduz custos individuais e torna a agricultura mais acessível a todos.
No contexto social, o condomínio agrário fortalece os laços comunitários, proporcionando um ambiente onde a solidariedade e a cooperação florescem. A tomada de decisões coletivas sobre questões agrícolas e sociais promove uma governança mais inclusiva e democrática.
Contudo, é fundamental destacar que o sucesso do condomínio agrário depende da construção de relações de confiança e do comprometimento dos membros. A implementação eficaz desse modelo requer uma gestão transparente e participativa, garantindo que todos tenham voz nas decisões que afetam a comunidade.
Em um mundo onde a pressão por produção e lucro muitas vezes eclipsa considerações sociais e ambientais, o condomínio agrário emerge como uma alternativa inspiradora. Ao cultivar não apenas alimentos, mas também relações colaborativas, essa abordagem semeia as bases para uma agricultura mais justa, sustentável e próspera. O condomínio agrário descortina um novo tempo no campo – a produção coletiva-condominial –, que poderá ser uma nova revolução agrícola na forma de explorar a atividade rural.